Quando nos dispomos a falar sobre a clonagem humana, seus riscos e suas conseqüências, nunca podemos perder de vista um objetivo: falar da inviolabilidade da vida, desde de sua concepção até o término natural dela. A vida é um dom de Deus e ninguém tem o direito de manipulá-la, quer seja a própria ou a de outra pessoa, sob o risco de "brincar de Deus".
A possibilidade da clonagem humana é apenas mais um capítulo na incessante busca humana de se superar orgulhosamente e repetir em seu coração o mesmo pecado cometido por Adão e Eva ao serem tentados pela serpente: "É que Deus sabe que no dia em que comerdes do fruto, vossos olhos se abrirão e sereis como deuses, possuindo o conhecimento do bem e do mal" (Gn 3,5). Querer "ser deus" é uma grande tentação, e o homem de hoje, afastado de Deus e mergulhado no pecado, tem a arrogância de querer "conseguir".
A clonagem é um processo que ocorre naturalmente na natureza e muitas bactérias, fungos, vegetais inferiores e até alguns animais como moluscos e crustáceos se reproduzem assim. Na verdade, esses são casos de reprodução assexuada, ou seja, não houve necessidade da união de um gameta masculino e um feminino para que houvesse um novo ser. No caso dos gêmeos humanos, houve uma reprodução sexuada e depois um processo natural de separação da célula em duas iguais que irá gerar dois seres geneticamente idênticos, mas com almas diferentes e por isso diferentes em sua essência.
O que presenciamos mais recentemente nos meios científicos é uma clonagem provocada, algo não natural, uma intromissão no contexto normal da geração da vida. No caso da ovelha Dolly, primeiro mamífero clonado, produziu-se um clone pela substituição do material genético de um óvulo por outro proveniente de uma célula de uma ovelha já existente. Nasceu assim, teoricamente, uma ovelha idêntica àquela que doou o material genético. Porém, já se descobriu que as células da Dolly têm a idade da ovelha doadora, ou seja, Dolly tem cinco anos, mas suas células têm a idade da ovelha doadora: doze anos. Talvez ainda muito jovem ela desenvolva problemas de saúde, como catarata e reumatismo, que uma ovelha só desenvolveria quando já estivesse bem mais velha.
Em outros animais clonados, como bezerros, ao nascer, tinham 60% a mais de peso que um filhote normal e, por não caberem no útero, já nasceram mancos e deformados para o resto da vida. Muitos dos "clones" que deram errado são monstros que, se sobrevivem, vivem apenas por poucos minutos, e mesmo os que nascem perfeitos podem apresentar problemas mais tarde. É comum bezerros clonados morrerem de paralisia renal menos de 48 horas depois do nascimento. A eutanásia é o único caminho para aliviar o sofrimento desses filhotes.
Convém lembrar que quando publicaram nos jornais a clonagem da ovelha Dolly, ninguém falou das dificuldades do processo nem no número de animais sacrificados. Nas experiências com vacas, cabritos e macacos, a clonagem tem cerca de 1,5% de chance de produzir um filhote vivo, e mesmo assim não se sabe se será normal. O processo atual de clonagem é quase uma loteria. É necessário arrumar dois mil óvulos, cloná-los e engravidar 200 animais. Desse grupo, acredita-se que apenas 30 não perderão os clones logo nos primeiros meses de gestação. Os demais vão abortar naturalmente ou precisarão ter a gravidez interrompida para não gerar monstros.
Dos 30 que conseguirem manter a gestação, apenas oito a levarão a termo. Ao nascer, cinco dos nascidos poderão apresentar problemas tão graves de saúde que deverão morrer ou ser submetidos à eutanásia imediatamente. Apenas três serão sadios ao ponto de passarem por "normais". O grande público desconhece essas informações que tronam esse processo quase uma carnificina; e até mesmo o amor à criação de Deus - da qual os animais fazem parte - já nos impediria de dar continuidade a essas experiências. Ao servir-se da criação, o homem não tem o direito de destruí-la de maneira tão desprezível.
Diante de todo esse despreparo científico acerca da clonagem de animais, existe um consenso mundial entre os cientistas sérios de que a clonagem não deve ser usada para seres humanos com fins reprodutivos. A Declaração Universal do Genoma Humano e dos Direitos Humanos, aprovada em novembro de 97 pela UNESCO, estabelece que não deve ser permitida a clonagem reprodutiva de seres humanos, mas esta não tem força de lei. Cerca de 28 países, entre eles o Brasil, Alemanha, Dinamarca, Reino Unido e Austrália, possuem leis contra a clonagem humana. Isso não impede que cientistas do mundo inteiro gastem suas forças, inteligência e dinheiro para ter o orgulho de ser o primeiro a clonar um ser humano. O médico italiano Severino Antimori, que tem uma clínica perto do Vaticano, está disposto a fazer suas pesquisas em um transatlântico, se nenhum governo se dispuser a apoiar suas pesquisas. Essa atitude iguala esses médicos aos nazistas que, na II Guerra Mundial, deliberadamente utilizaram humanos em suas pesquisas, não importando-se com sua dignidade.
A posição da Igreja
Uma questão que precisa ficar clara é a posição da Igreja diante de tudo isso. O magistério da Igreja ensina, na Declaração sobre o aborto provocado, que: "A partir do momento em que o óvulo é fecundado, inaugura-se uma nova vida que não é aquela do pai ou da mãe e sim de um novo ser humano que se desenvolve por conta própria. Nunca se tornará humano se já não o é desde então. A esta evidência de sempre ... a ciência genética moderna fornece preciosas confirmações. Esta demonstrou que desde o primeiro instante encontra-se fixado o programa daquilo que será este vivente: um homem, este homem-indivíduo com as suas notas características já bem determinadas. Desde a fecundação tem início a aventura de uma vida humana, cujas grandes capacidades exigem, cada uma, tempo para organizar-se e para encontrar-se prontas a agir." (Declaração sobre o aborto provocado, 12-13: AAS 66 (1974), 738).
Na Instrução sobre o Respeito à Vida Humana Nascente e Dignidade da Procriação ele diz: "O fruto da geração humana, portanto, desde o primeiro momento da sua existência, isto é, a partir da constituição do zigoto, exige o respeito incondicional que é moralmente devido ao ser humano na sua totalidade corporal e espiritual. O ser humano deve ser respeitado e tratado como pessoa desde a sua concepção e, por isso, desde aquele mesmo momento devem ser-lhe reconhecidos os direitos da pessoa, entre os quais, antes de tudo, o direito inviolável à vida de cada ser humano inocente" (Instrução sobre o Respeito à Vida Humana Nascente e a Dignidade da procriação, 21-22).
Percebemos, portanto, que a partir do momento da fecundação, se não houver intervenção humana de qualquer tipo, já teremos um novo ser que irá desenvolver-se normalmente. Cada embrião é um novo ser com dignidade igual a qualquer outro ser humano. Sendo assim, qualquer experiência com um embrião é ilícito, é um pecado. Alguns cientistas insistem em dizer que só há nova vida a partir do momento da nidação, momento no qual o embrião fixa-se no útero. Nesse estágio o novo ser já conta com algumas células embrionárias com o poder de diferenciar-se em qualquer tecido do corpo humano. Olhando por essa ótica, mentirosa e sem fundamentação científica sincera, todas as manipulações feitas com os embriões tornar-se-iam lícitas pois "ainda não haveria vida". Não é isso que a Igreja ensina e o bom senso vem facilmente a confirmá-lo.
Desconsiderar a doutrina da Igreja sobre o momento do início da vida gera sérios problemas éticos e morais. Hoje, existem nos Estados Unidos mais de 700 mil embriões estocados nas geladeiras e mofando sem que nada seja feito. Eles são frutos das sobras das fecundações em vidro, os chamados bebês de proveta. Penso, às vezes, que poderia ser eu ou você a estar congelado ali. Depois de um tempo, se não forem utilizados para nada, serão incinerados como se não tivessem nenhum valor. Alguns querem utilizá-los nas pesquisas de clonagem, pois assim seriam menos "descartáveis" e mais "úteis". Isso é uma grande vergonha para a medicina e para a ciência como um todo, pois ao tentar gerar vida através dos bebês de proveta, mata-se mais do que gera.
Um último problema deve ser colocado. No meio científico há um consenso de que não se deve aplicar a clonagem com fins reprodutivos, mas o mesmo consenso não pode ser aplicado no que se chama de "clonagem terapêutica". Essa técnica tem por objetivo clonar células para transplantes. Por exemplo, uma pessoa fica tetraplégica depois de um acidente no qual as células da medula espinhal morreram. O cientista pega, então, uma célula do corpo dessa pessoa, introduz o material genético num embrião que foi retirado o seu material genético e coloca esse clone para crescer. Depois de algumas multiplicações retira desse clone as chamadas células-tronco, que têm o potencial de virar qualquer célula do corpo. Induz essa célula a transformar-se em célula de medula espinhal e depois implanta-a no acidentado, fazendo com que ele possa novamente andar e utilizar o seu corpo.
A grande vantagem médica é que por essas células terem o mesmo material genético do acidentado não haverá rejeição do tecido. Quanto ao clone, ele seria sacrificado ou ficaria congelado para fazer mais algumas doações de células no futuro.
A princípio essa idéia é boa e até muito humanitária, mas precisamos entender uma noção essencial de moral para explicar a questão: nunca é lícito praticar um ato mau, mesmo que dele decorra um ato bom. No exemplo do acidentado, para conseguir um clone (ato que ajudará o acidentado), eu pratiquei um ato mau (matar um embrião que tem dignidade de filho de Deus).
A Igreja não é contra o acidentado e nem contra a sua recuperação, muito pelo contrário, existe todo um incentivo da Igreja para que se encontre solução para esse problema. O que a Igreja não pode apoiar é a morte de um inocente para salvar um outro que já tem vida. "Nenhuma circunstância, nenhum fim, nenhuma lei no mundo poderá, jamais, tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito, porque contrário à lei de Deus, inscrita no coração de cada homem, reconhecível pela própria razão e proclamada pela Igreja" (Evangelium Vitae - Carta Encíclica J.P. II, p. 125).
"À luz da verdade acerca do dom da vida humana e dos princípios morais que dela derivam, cada um é convidado a agir como o bom samaritano, no âmbito da responsabilidade que lhe é própria, e a reconhecer como seu próximo também o menor entre os filhos dos homens (cf. Lc 10,29-37). A palavra de Cristo encontra aqui uma ressonância nova e particular: "Tudo o que fizerdes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a mim o fazes" (Mt 25,40).
Que Deus dê a cada um de nós coragem de ser protetor dessas vidas inocentes e a ousadia de ser fiel ao magistério da Igreja em um mundo tão distante dos caminhos do Senhor!
A possibilidade da clonagem humana é apenas mais um capítulo na incessante busca humana de se superar orgulhosamente e repetir em seu coração o mesmo pecado cometido por Adão e Eva ao serem tentados pela serpente: "É que Deus sabe que no dia em que comerdes do fruto, vossos olhos se abrirão e sereis como deuses, possuindo o conhecimento do bem e do mal" (Gn 3,5). Querer "ser deus" é uma grande tentação, e o homem de hoje, afastado de Deus e mergulhado no pecado, tem a arrogância de querer "conseguir".
A clonagem é um processo que ocorre naturalmente na natureza e muitas bactérias, fungos, vegetais inferiores e até alguns animais como moluscos e crustáceos se reproduzem assim. Na verdade, esses são casos de reprodução assexuada, ou seja, não houve necessidade da união de um gameta masculino e um feminino para que houvesse um novo ser. No caso dos gêmeos humanos, houve uma reprodução sexuada e depois um processo natural de separação da célula em duas iguais que irá gerar dois seres geneticamente idênticos, mas com almas diferentes e por isso diferentes em sua essência.
O que presenciamos mais recentemente nos meios científicos é uma clonagem provocada, algo não natural, uma intromissão no contexto normal da geração da vida. No caso da ovelha Dolly, primeiro mamífero clonado, produziu-se um clone pela substituição do material genético de um óvulo por outro proveniente de uma célula de uma ovelha já existente. Nasceu assim, teoricamente, uma ovelha idêntica àquela que doou o material genético. Porém, já se descobriu que as células da Dolly têm a idade da ovelha doadora, ou seja, Dolly tem cinco anos, mas suas células têm a idade da ovelha doadora: doze anos. Talvez ainda muito jovem ela desenvolva problemas de saúde, como catarata e reumatismo, que uma ovelha só desenvolveria quando já estivesse bem mais velha.
Em outros animais clonados, como bezerros, ao nascer, tinham 60% a mais de peso que um filhote normal e, por não caberem no útero, já nasceram mancos e deformados para o resto da vida. Muitos dos "clones" que deram errado são monstros que, se sobrevivem, vivem apenas por poucos minutos, e mesmo os que nascem perfeitos podem apresentar problemas mais tarde. É comum bezerros clonados morrerem de paralisia renal menos de 48 horas depois do nascimento. A eutanásia é o único caminho para aliviar o sofrimento desses filhotes.
Convém lembrar que quando publicaram nos jornais a clonagem da ovelha Dolly, ninguém falou das dificuldades do processo nem no número de animais sacrificados. Nas experiências com vacas, cabritos e macacos, a clonagem tem cerca de 1,5% de chance de produzir um filhote vivo, e mesmo assim não se sabe se será normal. O processo atual de clonagem é quase uma loteria. É necessário arrumar dois mil óvulos, cloná-los e engravidar 200 animais. Desse grupo, acredita-se que apenas 30 não perderão os clones logo nos primeiros meses de gestação. Os demais vão abortar naturalmente ou precisarão ter a gravidez interrompida para não gerar monstros.
Dos 30 que conseguirem manter a gestação, apenas oito a levarão a termo. Ao nascer, cinco dos nascidos poderão apresentar problemas tão graves de saúde que deverão morrer ou ser submetidos à eutanásia imediatamente. Apenas três serão sadios ao ponto de passarem por "normais". O grande público desconhece essas informações que tronam esse processo quase uma carnificina; e até mesmo o amor à criação de Deus - da qual os animais fazem parte - já nos impediria de dar continuidade a essas experiências. Ao servir-se da criação, o homem não tem o direito de destruí-la de maneira tão desprezível.
Diante de todo esse despreparo científico acerca da clonagem de animais, existe um consenso mundial entre os cientistas sérios de que a clonagem não deve ser usada para seres humanos com fins reprodutivos. A Declaração Universal do Genoma Humano e dos Direitos Humanos, aprovada em novembro de 97 pela UNESCO, estabelece que não deve ser permitida a clonagem reprodutiva de seres humanos, mas esta não tem força de lei. Cerca de 28 países, entre eles o Brasil, Alemanha, Dinamarca, Reino Unido e Austrália, possuem leis contra a clonagem humana. Isso não impede que cientistas do mundo inteiro gastem suas forças, inteligência e dinheiro para ter o orgulho de ser o primeiro a clonar um ser humano. O médico italiano Severino Antimori, que tem uma clínica perto do Vaticano, está disposto a fazer suas pesquisas em um transatlântico, se nenhum governo se dispuser a apoiar suas pesquisas. Essa atitude iguala esses médicos aos nazistas que, na II Guerra Mundial, deliberadamente utilizaram humanos em suas pesquisas, não importando-se com sua dignidade.
A posição da Igreja
Uma questão que precisa ficar clara é a posição da Igreja diante de tudo isso. O magistério da Igreja ensina, na Declaração sobre o aborto provocado, que: "A partir do momento em que o óvulo é fecundado, inaugura-se uma nova vida que não é aquela do pai ou da mãe e sim de um novo ser humano que se desenvolve por conta própria. Nunca se tornará humano se já não o é desde então. A esta evidência de sempre ... a ciência genética moderna fornece preciosas confirmações. Esta demonstrou que desde o primeiro instante encontra-se fixado o programa daquilo que será este vivente: um homem, este homem-indivíduo com as suas notas características já bem determinadas. Desde a fecundação tem início a aventura de uma vida humana, cujas grandes capacidades exigem, cada uma, tempo para organizar-se e para encontrar-se prontas a agir." (Declaração sobre o aborto provocado, 12-13: AAS 66 (1974), 738).
Na Instrução sobre o Respeito à Vida Humana Nascente e Dignidade da Procriação ele diz: "O fruto da geração humana, portanto, desde o primeiro momento da sua existência, isto é, a partir da constituição do zigoto, exige o respeito incondicional que é moralmente devido ao ser humano na sua totalidade corporal e espiritual. O ser humano deve ser respeitado e tratado como pessoa desde a sua concepção e, por isso, desde aquele mesmo momento devem ser-lhe reconhecidos os direitos da pessoa, entre os quais, antes de tudo, o direito inviolável à vida de cada ser humano inocente" (Instrução sobre o Respeito à Vida Humana Nascente e a Dignidade da procriação, 21-22).
Percebemos, portanto, que a partir do momento da fecundação, se não houver intervenção humana de qualquer tipo, já teremos um novo ser que irá desenvolver-se normalmente. Cada embrião é um novo ser com dignidade igual a qualquer outro ser humano. Sendo assim, qualquer experiência com um embrião é ilícito, é um pecado. Alguns cientistas insistem em dizer que só há nova vida a partir do momento da nidação, momento no qual o embrião fixa-se no útero. Nesse estágio o novo ser já conta com algumas células embrionárias com o poder de diferenciar-se em qualquer tecido do corpo humano. Olhando por essa ótica, mentirosa e sem fundamentação científica sincera, todas as manipulações feitas com os embriões tornar-se-iam lícitas pois "ainda não haveria vida". Não é isso que a Igreja ensina e o bom senso vem facilmente a confirmá-lo.
Desconsiderar a doutrina da Igreja sobre o momento do início da vida gera sérios problemas éticos e morais. Hoje, existem nos Estados Unidos mais de 700 mil embriões estocados nas geladeiras e mofando sem que nada seja feito. Eles são frutos das sobras das fecundações em vidro, os chamados bebês de proveta. Penso, às vezes, que poderia ser eu ou você a estar congelado ali. Depois de um tempo, se não forem utilizados para nada, serão incinerados como se não tivessem nenhum valor. Alguns querem utilizá-los nas pesquisas de clonagem, pois assim seriam menos "descartáveis" e mais "úteis". Isso é uma grande vergonha para a medicina e para a ciência como um todo, pois ao tentar gerar vida através dos bebês de proveta, mata-se mais do que gera.
Um último problema deve ser colocado. No meio científico há um consenso de que não se deve aplicar a clonagem com fins reprodutivos, mas o mesmo consenso não pode ser aplicado no que se chama de "clonagem terapêutica". Essa técnica tem por objetivo clonar células para transplantes. Por exemplo, uma pessoa fica tetraplégica depois de um acidente no qual as células da medula espinhal morreram. O cientista pega, então, uma célula do corpo dessa pessoa, introduz o material genético num embrião que foi retirado o seu material genético e coloca esse clone para crescer. Depois de algumas multiplicações retira desse clone as chamadas células-tronco, que têm o potencial de virar qualquer célula do corpo. Induz essa célula a transformar-se em célula de medula espinhal e depois implanta-a no acidentado, fazendo com que ele possa novamente andar e utilizar o seu corpo.
A grande vantagem médica é que por essas células terem o mesmo material genético do acidentado não haverá rejeição do tecido. Quanto ao clone, ele seria sacrificado ou ficaria congelado para fazer mais algumas doações de células no futuro.
A princípio essa idéia é boa e até muito humanitária, mas precisamos entender uma noção essencial de moral para explicar a questão: nunca é lícito praticar um ato mau, mesmo que dele decorra um ato bom. No exemplo do acidentado, para conseguir um clone (ato que ajudará o acidentado), eu pratiquei um ato mau (matar um embrião que tem dignidade de filho de Deus).
A Igreja não é contra o acidentado e nem contra a sua recuperação, muito pelo contrário, existe todo um incentivo da Igreja para que se encontre solução para esse problema. O que a Igreja não pode apoiar é a morte de um inocente para salvar um outro que já tem vida. "Nenhuma circunstância, nenhum fim, nenhuma lei no mundo poderá, jamais, tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito, porque contrário à lei de Deus, inscrita no coração de cada homem, reconhecível pela própria razão e proclamada pela Igreja" (Evangelium Vitae - Carta Encíclica J.P. II, p. 125).
"À luz da verdade acerca do dom da vida humana e dos princípios morais que dela derivam, cada um é convidado a agir como o bom samaritano, no âmbito da responsabilidade que lhe é própria, e a reconhecer como seu próximo também o menor entre os filhos dos homens (cf. Lc 10,29-37). A palavra de Cristo encontra aqui uma ressonância nova e particular: "Tudo o que fizerdes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a mim o fazes" (Mt 25,40).
Que Deus dê a cada um de nós coragem de ser protetor dessas vidas inocentes e a ousadia de ser fiel ao magistério da Igreja em um mundo tão distante dos caminhos do Senhor!
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